MINI SIMPÓSIO "O DIZIMISTA" - V
O
DÍZIMO E O CRISTÃO GENUÍNO
Existe
alguma relação dos cristãos hodiernos em relacionado ao sistema dizimal?
Teríamos
hoje a mesma obrigação da devolução dos dízimos com na antiga aliança?
Implicações
quanto a Sustentabilidade Eclesiástica.
No
entanto, alguns podem imaginar que a igreja sucumbiria se não cobrasse o dízimo
– o que não é verdade. Do livro de Mateus até Apocalipse, as igrejas cresceram
sem a ênfase neste recurso e muitas nos tempos modernos estão crescendo da mesma
forma. Os apóstolos jamais pediram para as comunidades “quebrarem” a Lei do Eterno
dizimando em suas congregações e muito menos em dinheiro – quer fosse para eles
ou para um líder do grupo. Também não houve tais ensinamentos para as
comunidades de Roma ou da Ásia pelas cartas Paulinas exortando os gentios
trazerem o dízimo até a cidade de Jerusalém no Templo.
Embora
o dízimo seja bíblico, não é cristão. Jesus Cristo não o afirmou. Os cristãos
do século I não o observaram. E por cerca de 300 anos o povo de Deus não o
praticou. Dizimar não foi uma prática aceita em grande escala entre os cristãos
até o século VIII. (VIOLA, 2005, p. 107).
É
importante salientarmos que naquela época (30 a 330 d.C.), não havia uma forma
institucional ou denominacional da igreja. Somente após o ano de 320 que
Constantino ergue os primeiros templos para a comunidade cristã. Entretanto,
existe um documento anterior que destaca o comportamento da igreja primitiva
nos primeiros séculos intitulada pelo nome de “Didaqué” ou “ENSINAMENTO DO ETERNO ATRAVÉS DOS DOZE
APÓSTOLOS”. Apesar de ser uma obra pequena com dezesseis capítulos, ela
contém um grande valor histórico e teológico.
A
Bíblia era apenas uma questão de tempo. Assim como os demais discípulos, o
apóstolo Paulo possuía apenas uma parte da Revelação Escriturística. Somente
depois quando todos os livros foram reunidos num só volume, terminou o que em
“parte” conhecemos por Atanásio em 367 d.C. Todavia, esse grande momento foi
também confirmado pelo Cânon Bíblico realizado no Sínodo de Hipona e de Cartago
no final do século IV.
Escrita
num estilo de fácil compreensão, a obra apresentada pela Didaqué demonstra uma
preocupação de manter os principais pressupostos estabelecidos pelos apóstolos
a fim de estimular os futuros cristãos professassem a mesma comunhão.
Se
alguém disser sob inspiração: "DÊ-ME
DINHEIRO" ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir
para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue. Se quiser se
estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar. Porém,
se ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um
cristão não viva ociosamente em seu meio. Se ele não aceitar isso, trata-se de
um comerciante de Cristo. Tenha cuidado com essa gente. (DIDAQUE, 1997, p. 18)
(ênfase adicionada).
Em
todos os dezesseis capítulos do credo, em nenhum momento observamos qualquer
confissão que pontuasse pelo “dízimo” ou por construções de “Templos”. Mas o
que nos chamou a atenção foi na instrução acima por um comportamento prudente a
fim de não deixar ninguém ser enganado pelos falsos comerciantes.
Aparentemente, o padrão da igreja primitiva do século I e II apresentava uma
vida normal em que o sustento partisse de cada um por meio do seu próprio
trabalho. Portanto, o pensamento da Didaqué encontra harmonia escriturística
quanto à instrução do apóstolo Paulo, veja:
Sabeis
perfeitamente o que deveis fazer para nos imitar. Não temos vivido entre vós
desregradamente, nem temos comido de graça o pão de ninguém. Mas, com trabalho e
fadiga, labutamos noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não
porque não tivéssemos direito para isso, mas foi para vos oferecer em nós
mesmos um exemplo a imitar. Aliás, quando estávamos convosco, nós vos dizíamos
formalmente: Quem não quiser trabalhar, não tem o direito de comer. Entretanto,
soubemos que entre vós há alguns desordeiros, vadios, que só se preocupam em
intrometer-se em assuntos alheios. A esses indivíduos ordenamos e exortamos a
que se dediquem tranquilamente ao trabalho para merecerem ganhar o que comer.
(2 Tessalonicenses 3.7-12) BDJ-EP. (ênfase adicionada).
Entretanto,
a igreja nunca dependeu dos credos para estabelecer uma regra de fé - Didaqué,
Nicéia, etc. Esse sistema ofertado pelo homem tem sim uma grande importância histórica,
porém, é virtualmente passível de erros. Portanto, são bastante úteis somente
para comparação e análise de comportamento confessional do cristianismo que
ganhou forma, identidade e prédios suntuosos na era de Constantino por volta do
ano 320 d.C.
Mas
no final no final do século VIII, dentro do cristianismo católico histórico, o
Segundo Concílio Niceno também manifestou uma breve posição em seu credo
referente ao comportamento que os bispos deveriam manter diante de qualquer
renumeração.
Os
Bispos devem abster-se quanto a todo recebimento de renumeração. Nós decretamos
que nenhum bispo deve extorquir ouro ou prata, ou qualquer outra coisa. Segundo
Pedro, o Apóstolo diz: "Apascentai o rebanho de Deus, não por necessidade,
mas por vontade própria, e de acordo com Deus; não por torpe ganância, mas com
uma mente alerta, não exercer domínio sobre as ovelhas, mas ser um exemplo para
o rebanho”. Aqueles que lançam ofensas ao clero, porque foram ordenados na
igreja sem receber uma renumeração, sofrerão uma penitência. (SCHAFF, 2005,
p.794-795). (ênfase adicionada).
TEXTO
DESESPERADOR DE UM PASTOR QUERENDO
PROVAR O DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO:
O
dízimo foi ressuscitado por meio dos concílios regionais de Tours (567) e Mácon
(585). Entretanto, foi somente com o “Imperador” Carlos Magno (779) que o
tributo passou a ser veiculado pelos corredores das Igrejas na Europa. Ele
também subdividiu a arrecadação dos pagamentos em três partes iguais, destinada
à igreja paroquial, ao pároco e aos pobres. A princípio, o bispo não deveria
receber nenhuma renumeração como pontuavam os concílios anteriores – talvez
esta fosse à preocupação do segundo concílio de Nicéia destacado anteriormente.
Desta
forma, o “dinheiro” provavelmente ganhou espaço no coração dos abades e uma
disputa com o clero acirrou duros debates por quem deveria ter autonomia sobre
os valores arrecadados. Por esta razão, o detrimento causado por esse sistema
abriu novos caminhos para a corrupção interna que permitiu manchar varias
páginas do cristianismo no passado por conspirações, indulgencias, luta pelo
poder, etc. Um possível comportamento que ainda se faz presente virtualmente
nas denominações.
Mas
que relação tem o “Evangelho” com o “dinheiro”? Pode o homem modificar a Lei do
Eterno genericamente para o interesse alheio? A igreja do Novo Testamento
contempla um grupo de pessoas ou foi amortizada para um parâmetro de tijolos?
“A
história de Constantino (285-337 d.C.) abre uma página tenebrosa na história da
cristandade. Foi ele quem iniciou a construção dos edifícios eclesiásticos”.
(VIOLA, 2005, p. 49). Constantino foi o útero que gerou os primeiros templos
para os cristãos na história. Sua gestação entra em cena nas vésperas da
batalha quando viu uma cruz no céu com as palavras escritas em latim “com este
símbolo vencerás”. E assim aconteceu. Constantino derrotou o imperador Maxentius
na Batalha da Ponte de Milvio, perto de Roma, no ano 312 d.C. E quando se
tornou Imperador Romano em 324, começa a ordenar as construções das igrejas.
Os
edifícios das igrejas construídas por Constantino eram desenhados exatamente
conforme o modelo da basílica, segundo o estilo dos templos pagãos. [...] Com
assentos extremamente confortáveis para acomodar as pessoas dóceis e passivas
que presenciavam os eventos. Esta foi uma das razões pelas quais Constantino
escolheu ao modelo da basílica. [...] No centro do edifício ficava o altar
[...] em frente ao altar havia a cadeira do Bispo chamada de cátedra, [...] o
poder e a autoridade repousavam nessa cadeira [...] os anciãos e diáconos se
sentavam em ambos os lados [...] é interessante que a maioria dos edifícios das
igrejas modernas possuem cadeiras especiais para o pastor e seus auxiliares
situadas sobre a plataforma atrás do púlpito. Assim como no caso do trono do
Bispo, a cadeira do pastor geralmente é a maior! Tudo isso são vestígios da
basílica pagã. (VIOLA, 2005, p. 52-54). (ênfase adicionada).
A
estrutura do sistema denominacional moderno tem sua herança em Constantino e
não nos moldes do que foi deixado pela a Igreja apostólica. Não existem
registros bíblicos ordenando os cristãos a construírem templos, mas há uma
ampla evidência deles se reunindo em casas, At. 2.46, 8.3, 20.20; Rm. 16.3-5;
1Co 16.19; Fm. 2; 2 Jo. 10. Portanto, essas referências não só identificam o
comportamento desse organismo como dão a atribuição devida para igreja. Embora
a proposta do paganismo tenha uma disposição para modificar essa ideologia,
qualquer estudante de história poderá observar que a operação eclesiástica
criada por Constantino tem se distanciado dos moldes de uma maneira
absolutamente oposta do padrão que foi deixado pelo Novo Testamento.
Assim,
encontramos a matriz ideológica desse movimento em Constantino. A influência
pagã foi quem redefiniu pelos seus costumes uma nova estrutura eclesiástica na
história do cristianismo universal – ou católico.
Observemos
que a verdadeira Igreja deixada por Cristo nunca precisou herdar o nome de
algum movimento ou de placa, de púlpitos ou pias batismais, de fardas ou
posições sociais, de órgãos públicos ou atos políticos, de tradições ou
liturgias, de dinheiro ou poder, de governos ou terrenos para manifestar sua
fé. Infelizmente, nem a Reforma ou muito menos os movimentos subseqüentes
tiveram sucesso em restaurar a ekklesia – uma identidade que ainda continua
distante dos padrões bíblicos.
Fonte -
http://www.reformaja.org/reformaja_arquivo_asSombrasdoTemplo_dizimo&igreja.html
Por: Eurias
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